FECHAR OS OLHOS
PARA COLHER O ÍNTIMO PLANTADO...
É nesse silêncio que sinto o semear destas imagens.
Pina Bausch certa vez disse que “não se trata de arte,
tampouco de mero talento. Trata-se da vida e, portanto,
de encontrar uma linguagem para a vida”.
Clovis Ferreira França é um diplomata nato, que tece
um tratado de caligrafia serena e lapidada sobre o Olhar,
despindo-nos das mazelas para nos brindar com a reconexão
do eterno dentro da nossa finitude.
Singelas escadas, convites fraternos quase cênicos em
que a porta surge como passagem e não impedimento...
A matéria-prima que constrói as cenas da vida estão aqui
sublinhadas (“é pau, é pedra”, diria Tom Jobim), a cor
serpenteia esta série ora Klee, ora Miró, ora Vasarely, ora Volpi,
ora palimpsestos, horas que vasculharam o mundo e seus
testemunhos geométricos e cromáticos.
Existe um acento materno que emana dos recortes, nada fere
a cria, tudo se transforma, tudo vale a pena apesar dos pesares
e instala um sentimento de saudade da vida em vida.
GAL OPPIDO
FOTÓGRAFO, MÚSICO E PROFESSOR DE LINGUAGEM VISUAL

Château de Ravel
Auvergne, France
2014