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“Instruindo o olho a olhar

como jamais ainda vistas

todas as coisas que estão no mundo.”

PAUL VALÉRY

 

UM EDUCADOR DO OLHAR

Clovis Ferreira França chegou na fotografia vindo de uma

formação em arquitetura e de uma sólida prática de pintura.

O desenho – entendido como projeto, perspectiva e volumes

– e as cores – superfícies, texturas, sombras e densidades –

sempre estiveram, portanto, no centro de sua prática artística.

A interrogação a ser feita é: por que, em um determinado

momento, surgiu a fotografia? E por que a fotografia colorida?

O ponto de virada ocorreu já há quase duas décadas, assim,

tais perguntas poderiam soar formais ou superadas, diante de

uma produção já consolidada e madura. No entanto, me parece instigante delinear uma possibilidade de leitura e compreensão

de um universo imagético carregado de humanidade.

Para além do registro de um certo momento ou de um

determinado ângulo, as fotografias do artista buscam, ou

evidenciam, uma empatia com aquele ou aquilo que está 

sendo apreendido e apresentado, introduzido, desvelado. Lenta, silenciosa, amorosa e poeticamente. Mas essa é uma operação

que se efetua sempre a partir do registro da experiência vivida,

do real. Por isso a fotografia. E colorida, tal qual nosso olhar

opera. Como um pedagogo desse olhar, o autor nos conduz a

situações que não são de descoberta, mas de aprendizagem, de compartilhamento, de identificação de afetos e sentimentos

que lá já estavam, à espera de uma revelação.

Ao se dedicar a este projeto (missão, diriam os radicais), Clovis

atua como um construtor de relações, induzindo à solidariedade, integrando indivíduos e contextos, mundos distantes, memórias e visões, passado e presente. Em nossa sociedade contemporânea de conflitos, as imagens a seguir são momentos que nos aproximam

na reafirmação da esperança.

MARCELO MATTOS ARAUJO

MUSEÓLOGO

ficha tecnica copy.jpg

 

Acervo

Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil, 2008

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